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artigo publicado originalmente no portal Baguete

Por Paulo Marcelo, CEO da Solutis

Guy Debord, em seu livro “A Sociedade do Espetáculo”, publicado pela primeira vez em 1967, revelava que o que não é mostrado, não foi vivido. Um pensamento bastante transgressor à época. Décadas depois, a internet chegava e anos mais tarde a era das selfies, dos stories e de tudo postado e compartilhado em tempo real nas redes sociais.

Hoje, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o número de pessoas conectadas à rede é superior às que não têm acesso. É o novo normal. Fato é que a sociedade digital chegou na esteira da sociedade da informação, globalizou negócios e aproximou pessoas. Mas será mesmo?

Os ciberutopistas acreditavam que a web colocaria as pessoas em pé de igualdade e diminuiria as distâncias e as barreiras culturais. Entretanto, na opinião de Ethan Zuckerman, diretor do Center for Civic Media do MIT, professor da instituição e autor do livro “Digital Cosmopolitan in the Age of Connection”, esses desejos não se concretizaram.

Na era da sociedade digital, a distância tornou-se opcional. Isso é bem verdade. Para ler notícias do que está acontecendo na Eslovênia, ou indo até mais perto, no Sul do Brasil, basta acessar sites de notícias locais pela web. Nesse sentido, a internet tornou o mundo menor, mas a realidade é que a sociedade digital criou bolhas, grupos que se conectam no âmbito real e que estenderam suas relações para o virtual.

Os pesquisadores da era atual indicam que é certo que o acesso à informação tem sido mais fácil e democrático na era da Sociedade Digital. Contudo, não se pode afirmar que o excesso de informação está desenhando, nem culminando em uma Sociedade do Conhecimento, que se viu diante da criação das fake news, disseminadas pelos desavisados como verdade absoluta em grupos de WhatsApp e redes sociais.

Nesse contexto, também entra a Sociedade da Vigilância. Não precisamos ir muito longe para refletir sobre o tema. Basta ver os últimos acontecimentos do Facebook, que se viu diante do escândalo do Cambridge Analytica e de tantas outras situações, que provam que a privacidade está em jogo nas entrelinhas dos termos de uso, negligenciados pelos usuários.

Em março de 2019, quando World Wide Web completou 30 anos, Sir Tim Berners-Lee, nada mais nada menos do que o criador da internet, lamentou o mau uso do espaço digital, mas também revelou que enxerga soluções para combater violações de dados, hacking e desinformação. O físico e cientista da computação citou como caminho novas legislações e sistemas que limitariam atitudes comportamentais ruins.

A necessidade de moldar nosso futuro digital é urgente. A paisagem digital está mudando rapidamente. Nesse cenário, a evolução tecnológica tem sido tradicionalmente associada à melhoria de eficiência.

Temos um longo caminho a percorrer para atender às necessidades básicas de todos os seres humanos. No entanto, se a tecnologia causa mais problemas do que solução, isso pode não acontecer. Em um mundo em rápida evolução, que tipo de sociedade queremos? Precisamos maximizar os benefícios da digitalização para criar uma economia inclusiva, fechar a lacuna de desigualdade e melhorar a distribuição de renda globalmente. A amplitude do impacto digital mostra que essa não é missão de uma nação ou governo. É de todos.

Como diz a CEO do Booking.com, Gillian Tans, é hora de aposentarmos o termo ‘economia digital’. Há apenas uma economia, que está digitalizando a uma velocidade variável. Assim, devemos desenvolver políticas ágeis e consistentes que se apliquem a todos os atores em uma realidade de mercado modificada, em que a tecnologia e os dados são onipresentes. Pense nisso.